segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Ao senhor FHC: ainda sobre a dita ignorância...

Nordestinos ignorantes, revira-volta nas eleições baianas e outras pérolas marcaram o 1o. turno das eleições no Brasil, mas volta e revira que as coisas não são bem assim...

Depois da declaração de FHC que porque sou nordestina e voto em Dilma, sou ignorante, achei por bem mostrar que os baianos, em sua grande maioria, podem ter uma visão política diferente da do Ex-Presidente, mas nem por isso menos sólida. Depois de décadas de opressão política que envolveram suspeitas de manipulação de resultados com a corrupção das antigas urnas de cédula, votos de cabresto, cabides infindáveis de emprego público e o uso da estrutura pública para satisfação de interesses privados e para a reprodução da estrutura patriarcal, os baianos puseram fim à era do carlismo e não há espaço para saudosismos.

Vou contar uma novidade para V. Exa., ex-Presidente: não somos mal informados, apenas, diferentemente de muitos dos que se deixaram iludir pelo “canto da sereia pmdbista”, não sucumbimos ao apelo midiático anti-petista. Conhecemos essa conversinha e sabemos aquilo que V. Exa. não disse: a informação no Brasil tem dono! Na Bahia, isso ocorre, pelo menos, desde a década de 80! Tá duvidando?

A manipulação das pesquisas de opinião no Estado são históricas e, se a população fosse mal informada sobre a trajetória política dos seus candidatos ou alienada politicamente, certamente o uso desses instrumentos poderiam vir a mudar o rumo da história política do estado. Ao invés de elegermos aqueles que efetivamente escolhemos, teríamos eleito aqueles escolhidos pelos “donos da informação”: 

·    Nas eleições de 2006, a disputa pelo Governo se deu entre Jaques Wagner (PT) que obteve 3.242.336 (52,89%) e Paulo Souto (PFL) que obteve 2.638.215 (43,03%) dos votos válidos. Ocorre que a pesquisa de opinião do IBOPE dos dias 26/07, 14/08 e 10/09 apresentou como resultado das intenções de votos para Jaques Wagner 13%, 16% e 28%, respectivamente, enquanto que para Paulo Souto os percentuais foram 56%, 52% e 50%.

·   De modo ainda mais extraordinário, na repetição da disputa em 2010, Jaques Wagner obteve 4.101.115 (63,38%) e Paulo Souto obteve 1.033.600 (16,09%) dos votos válidos. Para as eleições de 2010, a Datafolha divulgou durante toda a corrida eleitoral intenções de voto 20% aquém do que fora efetivamente recebido pelo atual governador da Bahia, assim como percentuais acima daquele que efetivamente fora recebido por Paulo Souto. Somente às vésperas das eleições e com a opinião pública inalterada acerca da reeleição de Jaques Wagner que o instituto de pesquisa passou a divulgar dados condizentes com a realidade.

·    Agora, nas eleições de 2014... era uma vez maio de 2014, quando Paulo Souto, segundo o Ibope tinha 42% das intenções de voto e Rui Costa (PT) tinha 9%, noticiado no G1 que “o nível de confiança é de 95%. Isso quer dizer que o instituto tem 95% de certeza de que os resultados obtidos estão dentro da margem de erro (3%)”. Ainda em 04/10, a TV Bahia, de propriedade da família Magalhães e afiliada à Rede Globo, divulgou pesquisa Ibope com empate técnico em 46% entre os dois candidatos, mas no dia 05/10, ao final, eis que Rui Costa obteve 3.558.975 (54%) e Paulo Souto obteve 2.440.409 (37%) dos votos válidos.

A informação tem dono e é sempre contrária ao PT, mas ainda assim seus candidatos tem conseguido fazer história... esta sim, verdadeira fonte de informação e que deve ser conhecida por todos. No âmbito federal, a resposta vem do Laboratório de Estudos de Mídia (UFRJ), que criou o “manchetômetro” e mostrou catalogando as notícias do jornalismo brasileiro “a desonestidade da imprensa brasileira”, pois “se o Brasil fosse o que mostra a imprensa, estaríamos todos mortos de fome” e essas conclusões vem acompanhadas de outras: “o Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP) da UERJ demonstra, com seu “manchetômetro” (ver aqui), como os jornais blindaram Fernando Henrique Cardoso e expuseram Lula da Silva no passado recente, como tratam desigualmente o governo federal e o governo paulista, como as notícias sobre Aécio Neves são mais equilibradas do que o material referente à presidente Dilma Rousseff, bombardeada na proporção de 182 informes negativos para apenas 15 positivos, por exemplo, e como esse bombardeio se intensifica no período eleitoral”. E como sou bem informada, principalmente pelos meios autônomos de comunicação nacional e internacional, sei que 182 X 15 (só no Jornal Nacional foi 82X3) não é porque faltam coisas positivas a serem ditas sobre o atual governo, mas apenas porque a mídia tem dono!

Desculpe-me por não ser ignorante FHC e atribuir um valor de verdade à sua epifania contra os nordestinos, mas, eu, assim como meus conterrâneos, apenas tivemos a oportunidade de conhecer uma realidade diferente, livre de discursos generalistas e reacionários que, nas palavras da Presidente Dilma, não passam de “uma visão absolutamente preconceituosa e elitista, dizendo que os meus votos são dos ignorantes e, os dos ilustrados, são deles. É um desrespeito. Como eles não andam no meio do povo, como eles não dão importância para o povo brasileiro, eles querem desqualificar o povo brasileiro”. No domingo, veremos o que será do empate técnico entre Dilma e Aécio!





http://www.eleicoes2014.com.br/pesquisa-eleitoral-bahia/

Paula Freitas Almeida, advogada, mestra em filosofia - UNICAMP.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Retroceder não é o caminho

O capitalismo sob a sua expressão neodesenvolvimentista ainda nos deixa em plena sede com relação ao avanço nas lutas sociais. Para um eleitor comunista ou até mesmo socialista, já as formas de avanço numa política encarcerada nos meandros tentaculares jurídicos encerram a política num pobre ato de sufrágio e ensejam manifesto desencanto. Entretanto, muitos talvez hão de convir, os que se posicionam no cotidiano político, que numa escolha eleitoral há certos pontos a se considerar ainda que desejosos diante do avanço na dissolução de uma sociedade de classes.

As relações entre política e história não são fáceis e jamais apresentaram fórmulas certas do porvir histórico, dos efeitos que as convulsões sociais têm na ação e reação da máquina-Estado ou nos desvios que a obrigam, sobretudo num contexto de “democracia”. Voltaremos a isso. Mas, no campo político, considerando-o como aquele em que a máquina-Estado produz sua eficácia, é preciso ponderar que o mesmo neodesenvolvimentismo insipiente quando isolado ganha gosto e, em seu contexto histórico desde 2003 até os dias de hoje, foi capaz de transformações e adaptações progressistas em meio a um quadro geral e comparativo com a antiga tendência neoliberal selvagem que se vinculava a gestão anterior aos governos Lula e Dilma. Por isso, não gostaria de discutir o que considero indiscutível, a saber, o histórico comparativo entre dois governos em questão. Apenas eu gostaria de apresentar alguns pontos os quais considero de certa relevância e que espreitam o debate político e, neste contexto, demarcam a posição daqueles que insistem na inversão neoliberal. Insisto apenas sem incorrer na ingenuidade que uma posição política se trata como questão de inteligência, pois penso que elas se referem antes ao de onde se fala do que a uma pretensa escolha livre e consciente. Com efeito, são reflexos de frações de classe que estão em jogo, com todas as disposições ideológicas próprias a elas, enraizadas nas práticas de seus sujeitos, na vivência material da vida de cada indivíduo, como penso.
O primeiro aspecto que devo chamar atenção, se me permitem, é uma dificuldade antropológica. Em muitas mídias vemos uma acentuada diferenciação antropológica ressaltada por um sentimento de moral depreciativo de uma das partes, como, por exemplo, na divisão entre norte/nordeste e sul/sudeste do país, divisão que reflete também um quadro eleitoral, pois polarizada, em traços gerais, na disputa entre Dilma/Aécio, respectivamente. A pretensão do sudeste já remonta a uma historicidade bastante conturbada de “epicentro capitalista” do Brasil, estrutura mantida até o fim do governo FHC. Todavia, desde 2003 vemos um projeto de integração no qual o descentramento da política industrial paulista em especial por parte das políticas federais acentua certo grau mais elevado de autonomia político-econômica que, aos olhos dos partidários do “epicentro”, ofusca o privilégio de seu “singular” êxito econômico social galgado em detrimento e rapina das demais regiões. Ainda mais, tendo em vista o desprezo que o governo neoliberal teve com relação à “periferia” do capitalismo industrial do sudeste. Ocorre que, na política neodesenvolvimentista do PT, as defasagens começaram a se dissipar obedecendo quase literalmente o brocardo “apressa-te lentamente”. Isto, mais do que o espírito fácil de alguns anos atrás, no qual era quase senso comum condenar o fluxo migratório de forças produtivas sob a bandeira tosca “o antinordestino”, sobretudo na medíocre classe média paulista; isto corroborou para o difícil e doído sorriso banguela da mesma classe média já dissolvida com o seu significativo alargamento no governo atual. Privilégios perdidos, votos adquiridos... para Aécio. É quase uma resposta messiânica à promessa da regeneração do “epicentro” perdido, da volta à canaã e do enxugamento da classe média. Motivo de bandeiras de ódio e diferenciação acentuada nos discursos sectários acirrados na disputa eleitoral através da boca daqueles que não gozam mais e hoje só por aí defecam. Eis um traço antropológico digno, a meu ver, de cuidado neste processo eleitoral. Está em jogo uma crença, não pouco justificada na figura de Aécio, da interrupção de todo um processo galgado no sentido de uma real integração nacional através de descentramento paulatino dos “epicentros” do poder econômico e, mais ainda, do desenvolvimento social. A solução, felizmente, já se desenha desde 2003, apagar das gerações engendradas e subjetivadas no contexto da majestade a nefasta memória de seu “epicentro” para adaptarem-se no esquecimento de um passado que se desmantela com o descentramento promovido pelo neodesenvolvimentismo.
Outro aspecto que diz respeito à distinção de classes merece certa atenção. Trata-se da distinção social e, no mais das vezes, de ascensão social dada pela formação educacional de certo indivíduo. Há tempos, estudar, possuir uma graduação, etc., era elemento fundamental de distinção social principalmente para a clássica classe média (chamemos assim, a classe média neoliberal data do governo FHC hoje em “decadência”). No entanto, com as políticas de inclusão social, com o aumento significativo das universidades federais (ainda que em situações precárias) e também com a proliferação e incentivo do ensino técnico, contribui-se para que esse mesmo elemento de distinção dissolva-se na medida em que a ascensão social não se dá mais pela especificidade de se possuir ou não qualificação. Este espectro torna-se visível no ódio que a clássica classe média guarda com relação aos filhos de seus empregados estudarem nas mesmas universidades ou então com o mesmo bacharelado que a sua linda prole-bolha. O mesmo poderia ser estendido para a diferenciação antropológica regionalista acima dita, hoje não é só o paulista o engenheiro com pós-doutorado, mas também aquele nordestino que ele repugnava e continua a repugnar, que o paulista de clássica classe média odeia mais pela sua qualificação ser não raramente muito superior a sua. E, mais ainda, qualificação que não é adquirida necessariamente no seio do sudeste, mas sim, hoje, nas regiões em pleno desenvolvimento econômico-social. O “alargamento” da classe média, ou seja, o aumento do poder de consumo de uma fração significativa inferior à média clássica, a trabalhadora propriamente dita, junto a sua recomposição permitiu um aceleramento acentuado da circulação mercantil e um escoamento notável de força produtiva qualificada, o que equalizou demandas de mercado por mão de obra implicando diminuição dos salários de cargos que exigem tais qualificações. Não só isso, nos locais de consumo, como shoppings, p.ex., a classe média em ascensão ocupa em peso aquilo que era privilégio exclusivo da classe média clássica, provocando um desespero da última para distinguir-se da primeira. O caso é a impossibilidade cada vez mais acentuada de se distinguir entre tais classes médias. Os que temos, então, como advogados de Aécio, não passam de fantasmagorias, muito embora não seja inexpressiva em sua conduta política na representatividade burguesa. Eles insistem nisso, permanecem na ideia do antigo retorno às condições de privilégio que assentavam o menor grau de distinção. Tanto quanto os médicos cubanos feriram o orgulho distintivo do “doutô”, da elite bacharelada de jaleco branco, o alargamento da classe média em geral, a nova classe média, fere o orgulho distintivo da clássica classe média. Quando então se pode ainda observar que alguns não poucos que ascenderam, logo ganharam seu “lugar ao sol”, se permitem reproduzir a ideologia fracassada de uma política neoliberal como que denegando seu processo de ascensão. Mas essa guerra ideológica que se efetiva em política tem fim...
Ritornello: para aquele que toma partido pelo comunismo, pela esquerda comunista e não a esquerda do ponto de vista das formas burguesas de política. É certo que jamais antes a burguesia beneficiou-se tanto nos governos Lula e Dilma quanto o proletariado, os movimentos sindicais e movimentos sociais se frustraram. Há aqueles que crêem que quanto pior a situação, melhor para a luta revolucionária. Há também aqueles que são etapistas e admitem que o homem faz sua história, que não importa o que se faz na política burguesa que a luta operária continua. Certamente a luta continua sem cessar, mas julgar abster-se de posicionamento na recusa do PT nesta atual conjuntura parece-me manifestamente problemático. Acaso, ainda que pouco, o PT não foi mais permeável aos movimentos de massa? Ou é preferível um governo federal como o do estado de São Paulo, em que a última e primeira palavra são o mero porrete? São perguntas críticas, as respostas permanecem em suspenso. Mas na atual conjuntura, no meu ponto de vista, recusar pensar nos resultados de um eminente governo PSDB no Brasil é, a quem preste mediana atenção, recusar os aspectos mais progressistas jamais conquistados antes, ainda que mínimos, e, pior ainda, recuá-los a ponto de talvez tornarem-se nulos seus efeitos.
Diego Lanciote - estudante de filosofia - UNICAMP

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Acontece que sou baiana...

Sou baiana, nordestina e tenho interesse, sim, em Dilma Rousseff permanecer no governo. Ela trouxe mais de 15 faculdades e cursos novos para a Bahia, expandiu a Ufba (única federal em mais de 25 anos no estado), criou a Universidade do Vale do Rio São Francisco, a Universidade Federal do Sul da Bahia e aprovou neste ano a Universidade Federal do Sudoeste da Bahia. Além disso, o governo abriu vagas para doutores em todos estes pólos técnicos e universitários com salário inicial superior a oito mil reais. Este governo de Dilma ampliou os aquedutos no sertão da Bahia e minimizou o impacto da seca na Bahia, construiu estradas vicinais entre municípios e outras melhorias para o desenvolvimento regional. Antes que alguém brade por minha "desinformação nordestina" , adianto que sou pós graduada, tenho dois mestrados e curso um doutorado na Unicamp. Ah, por que meu doutorado é em São Paulo? Porque nenhum governo entre os anos 80 e 90 teve a intenção de expandir os programas de pós graduação de forma igualitária em todos os estados de modo que os PRIMEIROS doutorados em ciências humanas do sertão da Bahia chegaram apenas APÓS a minha aprovação em doutorados fora do estado, mesmo que as universidades estaduais baianas contassem com profissionais qualificados e doutores com tempo superior a dez anos de conclusão do curso. Deve ser mesmo assustador para os estados mais desenvolvidos o aprimoramento técnico dessa "massa de manobra" que vive ainda hoje retirante em busca de condições sociais mais justas, mais concentradas atualmente nos estados da região sudeste e sul. Tenho fé de que minhas filhas permanecerão em uma Bahia diferente da que vi na minha infância, onde existiam crianças nas beiradas das estradas quebrando pedras para construção civil.

Clara Carolina Santos, doutoranda em Teoria e História Literária - UNICAMP

Quem precisa do Estado?


Armínio Fraga, principal nome de uma futura equipe econômica de Aécio Neves, disse que "o salário mínimo está muito alto". Em sua fala, argumenta que isso “desequilibra” o cenário econômico atual. Para alcançar esse suposto “equilíbrio”, a ideia subjacente é que aumentar os ganhos dos empresários os levaria a investir mais na produção. 

Essa perspectiva demonstra claramente o que um governo do PSDB representa: a renúncia a uma política de valorização dos que estão na base da pirâmide social. Trata-se da eterna — e ideológica — confiança no acúmulo de renda como meio de contribuir para o aumento da riqueza, cuja divisão igualitária é adiada indefinidamente. Em vez de valorizar aqui e agora todos aqueles que precisam do auxílio do Estado para ter uma vida digna, quer-se convencer aos mais pobres que deixar o dinheiro na mão de quem “pode investir” irá fazer com que a produção aumente e que, só então — quando houver suficiente estabilidade, segurança, inflação baixa etc. — poderá haver ganhos “reais” para quem só vive de seu próprio trabalho.

Bastante ao contrário do que apregoa Armínio Fraga — que foi assessor de um mega-investidor especulativo, George Soros —, a política de Lula/Dilma é de favorecimento do poder aquisitivo não apenas dos mais necessitados através do Bolsa-família, mas também de uma consistente valorização do salário mínimo e de classes sociais desprestigiadas, como ficou claro com a aprovação da lei referente às empregadas domésticas. No fim do governo Fernando Henrique Cardoso, o salário mínimo comprava 1,55 cestas básicas e valia 114,04 dólares; hoje, compra 2,18 cestas básicas e vale 295,5 dólares.

A economia deve crescer, sim, mas sempre acompanhada do reconhecimento do valor do trabalho e, nesse mesmo passo, da própria pessoa do trabalhador. Para essa gente, a crença da repartição de um bolo que cresce, mas que demora demais a ser dividido, é apenas mais uma ideologia que querem nos fazer engolir.

Verlaine Freitas - professor do depto. de filosofia - UFMG

terça-feira, 7 de outubro de 2014

O governo Dilma e a Caixa Econômica Federal

Faz exatos 15 meses que me tornei uma bancária. Banqueiro de sorte esse, pois, a empresa teve, em 2013, um lucro na casa dos 6 a 7 bilhões de reais. Esse banco é, ainda por cima, a oitava marca mais valiosa do mercado financeiro, segundo o Brand Finance. Ah! E está também entre as 100 marcas mais valiosas do país.

Pfff...nada demais, afinal de contas é um banco, né? A natureza do negócio é o lucro.
E se eu te disser que esse banco recebeu o Prêmio Brasil de Meio Ambiente na categoria de Eficiência Energética?

Sim, mas esse blá blá blá ecológico agora é modinha entre as empresas.

Ok, tá bom. E se eu disser que esse banco é o patrocinador oficial das Paraolimpíadas? Que é o banco no qual você pode abrir uma conta corrente sem comprovante de residência? Que é o banco no qual você pode financiar a reforma da sua casa? A compra dos eletrodomésticos? Que é o banco que possibilitou que milhões de brasileiros pudessem ter acesso ao sistema bancário pela primeira vez?
E melhor ainda, se eu te disser que esse banco é 100% público?

Não, amigos. Não se trata de marketing. Eu não estou aqui para convidá-lo a ser mais um cliente. Desde 2002, o que não falta a Caixa Econômica Federal são clientes. Na verdade, a possibilidade do senhor se tornar um cliente da Caixa é muito grande, afinal, imagino que queira financiar um apartamento, sacar o FGTS, receber o seguro desemprego...

Nesses últimos 12 anos, a Caixa se mantém firme na tentativa de conciliar a voracidade das exigências do mercado financeiro com a prestação de serviços sociais inerentes a sua natureza pública.

É nesse sentido que, uma das suas missões para os próximos anos, é a de se tornar um dos três maiores bancos brasileiros.  Um banco que pretende ser “mais que um banco”. Para tanto, expandiu ainda mais sua atuação no mercado financeiro, ampliando as linhas de crédito e consequentemente alargando as metas de captação de recursos.

Tais mudanças são interpretadas ora como benesses, uma vez que podem fortalecer a marca e torná-la uma empresa pública cada vez mais lucrativa; ora como fatores negativos porque junto com a imersão no mercado financeiro vem o alargamento das metas, tão conhecidas dos sindicatos bancários.

Até o presente momento, enquanto funcionária , vejo que a maior preocupação da Caixa ainda é o seu compromisso social. Brasília não dá nenhum sinal de frear as políticas sociais viabilizadas através do banco, pelo contrário, a tendência é investir cada vez mais em tecnologia da informação para assegurar melhor qualidade na prestação dos serviços públicos.

Acabamos de sair de uma greve na qual a proposta apresentada pela Caixa ainda foi a melhor opção dentre os bancos. Óbvio que, como em qualquer empresa, ainda há muito pelo que lutar, e muito do que reclamar.

Sim, mas o que isso tem a ver com política?

Tudo. Estamos falando de uma empresa PÚBLICA. 100% PÚBLICA. Uma empresa vinculada ao Ministério da Fazenda e, portanto, ponto-chave de qualquer programa de governo voltado ao setor econômico.

O que foi mencionado é reflexo da política de governo dos últimos 12 anos. E os próximos quatro?
A missão da Caixa para 2022, de estar entre os três maiores bancos do país, está inserida na política econômica do atual governo. Tal política se caracteriza pela expansão do crédito (atuação forte nos programas sociais de oferta de crédito – Caixa Melhor Crédito, Minha Casa Melhor, Minha Casa Minha Vida etc.), da captação de recursos (poupança, letras de câmbio, fundos de investimento, CDB), do cuidado com a inadimplência - fatores que já são determinantes à atuação dos gestores da rede de agências do banco. 

Em entrevista dada ao jornal Valor Econômico em setembro, a presidenta se disse preocupada com a proposta de seus adversários em relação aos bancos públicos. Ela ressaltou que a Caixa Econômica e o Banco do Brasil foram cruciais à ação na contramão que seu governo tomou diante da crise econômica internacional, na qual a oferta de crédito foi ampliada através de programas como o Minha Casa, Minha Vida, da Caixa, e as linhas de crédito voltadas ao agronegócio do Banco do Brasil.

Nesse blog, ainda se lerá bastante a respeito das propostas econômicas da presidente, contudo, no que tange aos bancos públicos, a tendência é sua defesa.

A outra tendência para os quatros anos é coordenada por Armínio Fraga. E o que se sabe até aqui:
- Autonomia operacional do Banco Central.
- Redução de custos dos empréstimos bancários.
- Revisão dos critérios para a concessão de créditos subsidiados pelos bancos públicos.

Ao que parece, em linhas gerais, a proposta do candidato à presidência pelo PSDB é a de frear a concessão de crédito pelos bancos públicos.

Hoje, a Caixa incentiva a concessão do crédito consciente, no qual a oferta está balizada por medidas de prevenção à fraude, por um sistema de avaliação de crédito, por uma análise minuciosa da documentação comprobatória de renda, medidas que procuram prover o gestor do crédito do máximo de informações a fim de tomar uma decisão consciente e segura.

Ainda sabemos pouco da política para os bancos públicos proposta pelo senhor Aécio Neves. O que sabemos, até então, da gestão do PSDB nesse setor é tão inquietante que basta citar os oitos anos sem reajuste e a iminência de privatização.

Na realidade, os oito anos FHC são suficientes para vários artigos, contudo, deixo aqui alguns links que podem ajudar a relembrá-los.





Sobre os outros temas tratados no artigo:










Angélica de Paula Botelho, estudante de história e bancária.

Que educação queremos?


O grupo de Aécio Neves, hoje, ainda é o mesmo de Fernando Henrique Cardoso quando este foi presidente. Naquela época, a universidade pública brasileira esteve à beira do caos: a UFMG, por exemplo, não teve dinheiro nem para pagar suas contas de eletricidade e telefone várias vezes (o que se repetiu em várias outras universidades). Não foi possível contratar professores federais em todo o país durante vários anos por determinação explícita do governo federal, sem que isso tivesse ligação nenhuma com maior racionalização do gasto com pessoal. Na verdade, tratou-se de uma política francamente contrária à educação, que se pode constatar também em Minas Gerais nesses 12 últimos anos, em que o governo de Aécio/Anastasia paga um dos menores salários aos professores da rede estadual. 

Em contraste, no governo Lula/Dilma foram criadas 18 universidades federais e dezenas de centros técnicos. É expressivo o fomento do acesso ao ensino superior através do ProUni (programa do Ministério da Educação que concede bolsas de estudo integrais e parciais de 50% em instituições privadas de educação superior, em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, a estudantes brasileiros sem diploma de nível superior) e o Pronatec (criado pelo Governo Federal, em 2011, com o objetivo de ampliar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica). O Reuni fez aumentar em mais de 20% as vagas e cursos na educação pública federal.

Se você dá importância à educação como item significativo para escolher um governante, então a melhor alternativa nesse segundo turno é, incontestavelmente, Dilma Rousseff.

Verlaine Freitas, professor do depto. de filosofia - UFMG.

Respondendo a todos os eleitores de Aécio Neves que defendem a separação do Brasil e pregam o preconceito


Bom dia a todos. 



Tenho lido suas publicações sobre a proposta de separação do Brasil em Norte/Nordeste e Sul/Sudeste. Li ainda a forma como os senhores e as senhoras se referem pejorativamente a nós, nordestinos e nortistas. Gostaria imensamente que o mundo fosse outro, e que os investimentos realizados e concentrados no Sul/Sudeste nesses séculos de governos de Centro Direita (como o PSDB e afins) tivessem resultado em uma sociedade mais pacífica, afetuosa e respeitosa, e que as paixões políticas suscitadas por processos como os eleitorais trouxessem tão somente o embate de projetos, ideias e resultados do que já foi testado. Qualquer outra coisa, é puro excesso e preconceito. E isso é desnecessário à todas as tentativas de civilizar as relações e fortalecer a democracia. Respeito as suas posições e, embora eleitoralmente pertençamos a lados políticos opostos (sou eleitora de Dilma), reconheço o valor das divergências saudáveis e construtivas.

Como nordestina, faço questão de me irmanar com todas as regiões do Brasil na construção de um país melhor, justo e com oportunidades mais iguais. 

Os senhores e senhoras estão com a razão quanto às diferenças infraestruturais que nos separa. Elas são fruto, em grande medida, de governos como o do PSDB (de FHC e agora com o candidato Aécio) que, ao pensar o desenvolvimento do país, não souberam olhar e planejar o todo. Pagamos, hoje, o preço por essa escolha perversa, cruel e proposital. Cada um tem seus limites e defeitos. Mas as diferenças param por aí. 

Aqui, no Nordeste, as pessoas trabalham muito, são honestas, inteligentes, temos uma riqueza indizível em diversidade. 

Assim, vamos deixar de lado qualquer espécie de preconceito, ódio, desrespeito. Façamos a opção da pacificação das relações e do bom debate de ideias. 


Obrigada por sua atenção e tenham um excelente dia de trabalho.

Roberta Fagundes, historiadora e jornalista.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

'Agora falando sério...'

Estamos aqui para inaugurar este espaço. Não é para caça às bruxas, não é para troca de farpas, não é para desrespeitar quem pensa diferente dos redatores, não é para tentar impor nada. Acreditamos em liberdade de pensamento, acreditamos na democracia e acreditamos na necessidade do debate civilizado. Contudo, antes que você avance e leia o conteúdo que estamos preparando, saiba que temos um posicionamento político definido, existe um projeto de Brasil no qual acreditamos e, como estamos em período eleitoral, temos voto definido também. Votaremos em Dilma 13 e não esconderemos isso de ninguém.

Nossos primeiros textos serão, sim, sobre a eleição 2014. Exporemos aqui nossas opiniões e nossas visões sobre o que cada alternativa representa em termos de futuro da nação. Não ficaremos discutindo qual o partido mais corrupto. A corrupção é cometida por pessoas, não por entidades. Somos, como qualquer cidadão de bom senso, contra a corrupção e queremos que haja punição para os envolvidos. Não importa de que partido é o contraventor. Portanto, não traremos neste espaço um inventário de atos de corrupção, não admitiremos que o nível do debate caia para o infantil foi você! Não, foi você”. Queremos discutir perspectivas, propostas e projetos e não nos privaremos de ouvir ninguém.

Se você é aquele eleitor do Aécio que justifica seu voto apenas porque existem corruptos no PT, não precisa prosseguir. Leia um dos links que colocamos abaixo, veja no espelho a ferida de Narciso e seja feliz com sua SUV branca indo buscar seus filhos no colégio exibindo seus adesivos Fora Dillma. Se você é contra políticas sociais, terá nojo do blog e dos seus redatores, mas como cara feia para mim é fome, peço que vá jantar no Skye e me poupe de disparates.

Se você é eleitor do Aécio, ou mesmo da Marina, porque se decepcionou com o PT e quer uma alternativa de mudança para o país, venha discutir conosco. Nos dê a oportunidade do debate civilizado, exponha suas razões e, mesmo que discordemos, acho que isso é uma forma de contribuir com o país. Em todo esse período pré-eleitoral, nosso maior tem sido, menos do que o candidato do PSDB, o tipo de demanda que o eleitor médio do PSDB imprime em seu candidato. Por isso, convoco você para o debate lembrando-lhe que boa oposição é aquela que sabe o que quer colocar no lugar do que não funciona.

Se você é eleitor da Dilma, não venha aqui esperando coletar dados do governo FHC para ir rebater coleguinhas tucanos no face. Nós queremos acreditar que você tem argumentos melhores do que rebater acusações com mais acusações. Tanto acreditamos, que votaremos na mesma candidata que você. Queremos aqui mostrar porque o projeto que defendemos é o melhor para o Brasil até aqui, é o que nos permitirá combater melhor a injustiça social e tornar o país um melhor lar para nossos filhos. Mas esse debate deve ser claro e equilibrado. E você não deve se deixar levar pelas acusações covardes do povo da direita.

Se você votou em Luciana Genro, Eduardo Jorge, Mauro Iasi, ou seja, na esquerda ou centro-esquerda, porque tem uma fome, uma grande fome de mudança, venha aqui, radicalize, diga o que você pensa do Brasil, diga o que você quer para o Brasil e vamos avaliar quão longe ou perto cada projeto sobre a mesa está do que você deseja. Vocês enriqueceram o debate, pensaram fora da caixa, fugiram do comum na hora de votar. Parabéns! Agora precisamos pragmatizar o que está em jogo.

Se você é eleitor do Levy Fidelix, provavelmente vai sentir vontade de imprimir nossos textos e limpar o seu órgão excretor.

Um abraço e bom debate.

Arthur de Bulhões, historiador, doutorando em filosofia UNICAMP

Matheus Pazos, doutorando em filosofia - UNICAMP
Bom... fico com a consciência tranquila em não ter seguido meus instintos ontem e não ter votado, assim, nem na extrema-esquerda nem no PSOL (mesmo que tenha quase aderido a Luciana Genro). Não foi um super resultado para a esquerda e a centro-esquerda, mas revela a realidade. Agora é hora da discussão, do debate, do suor. Não vai ser fácil, como nunca foi fácil nenhuma vitória da esquerda e do PT no Brasil. É difícil vencer o rancor, o ódio, a ignorância, a inveja, a covardia, o atraso, o patrimonialismo, o conservadorismo, o integrismo, a insensibilidade, o monetarismo, a injustiça, tudo o que a direita é. Não é fácil e não vai ser fácil. Vai ser preciso politizar o debate, sem moralismos. Vai ser difícil, a direita não se destaca por sua inteligência e não é conhecida por ser honesta em qualquer tipo de debate e confronto. A direita mente. O PT é agredido constantemente não por seus erros e tropeços, mas justamente pelo que representa e pelos seus acertos. O PT é condenado por ter conseguido estabelecer bem ou mal um projeto de centro-esquerda para o país (lamentavelmente mais ao centro que à esquerda...). Uma alternativa político-econômica de social-democracia veio para o país com o PT. O trabalhismo de Lula e de Dilma mudaram o Brasil para melhor. Quem é cego não vê. Ou quem já está comprometido na luta de classes. Sim, trata-se de luta de classes e nessa luta tenho lado e partido. Estou à esquerda do trabalhismo de Dilma Rousseff e da social-democracia do PT. No entanto, não tenho nenhuma dúvida: no segundo turno sou Dilma Rousseff, sou social-democrata, sou trabalhista, sou Luís Inácio Lula da Silva, sou Partido dos Trabalhadores.

Mateus Domingues, pesquisador [IDEO, Cairo]