Faz exatos 15 meses que me tornei
uma bancária. Banqueiro de sorte esse, pois, a empresa teve, em 2013, um lucro
na casa dos 6 a 7 bilhões de reais. Esse banco é, ainda por cima, a oitava
marca mais valiosa do mercado financeiro, segundo o Brand Finance. Ah! E está
também entre as 100 marcas mais valiosas do país.
Pfff...nada demais, afinal de
contas é um banco, né? A natureza do negócio é o lucro.
E se eu te disser que esse banco
recebeu o Prêmio Brasil de Meio Ambiente na categoria de Eficiência Energética?
Sim, mas esse blá blá blá
ecológico agora é modinha entre as empresas.
Ok, tá bom. E se eu disser que
esse banco é o patrocinador oficial das Paraolimpíadas? Que é o banco no qual
você pode abrir uma conta corrente sem comprovante de residência? Que é o banco
no qual você pode financiar a reforma da sua casa? A compra dos
eletrodomésticos? Que é o banco que possibilitou que milhões de brasileiros
pudessem ter acesso ao sistema bancário pela primeira vez?
E melhor ainda, se eu te disser
que esse banco é 100% público?
Não, amigos. Não se trata de
marketing. Eu não estou aqui para convidá-lo a ser mais um cliente. Desde 2002,
o que não falta a Caixa Econômica Federal são clientes. Na verdade, a
possibilidade do senhor se tornar um cliente da Caixa é muito grande, afinal,
imagino que queira financiar um apartamento, sacar o FGTS, receber o seguro
desemprego...
Nesses últimos 12 anos, a Caixa se
mantém firme na tentativa de conciliar a voracidade das exigências do mercado
financeiro com a prestação de serviços sociais inerentes a sua natureza
pública.
É nesse sentido que, uma das suas
missões para os próximos anos, é a de se tornar um dos três maiores bancos
brasileiros. Um banco que pretende ser
“mais que um banco”. Para tanto, expandiu ainda mais sua atuação no mercado
financeiro, ampliando as linhas de crédito e consequentemente alargando as
metas de captação de recursos.
Tais mudanças são interpretadas
ora como benesses, uma vez que podem fortalecer a marca e torná-la uma empresa
pública cada vez mais lucrativa; ora como fatores negativos porque junto com a imersão
no mercado financeiro vem o alargamento das metas, tão conhecidas dos
sindicatos bancários.
Até o presente momento, enquanto
funcionária , vejo que a maior preocupação da Caixa ainda é o seu compromisso
social. Brasília não dá nenhum sinal de frear as políticas sociais viabilizadas
através do banco, pelo contrário, a tendência é investir cada vez mais em
tecnologia da informação para assegurar melhor qualidade na prestação dos
serviços públicos.
Acabamos de sair de uma greve na
qual a proposta apresentada pela Caixa ainda foi a melhor opção dentre os
bancos. Óbvio que, como em qualquer empresa, ainda há muito pelo que lutar, e
muito do que reclamar.
Sim, mas o que isso tem a ver com
política?
Tudo. Estamos falando de uma
empresa PÚBLICA. 100% PÚBLICA. Uma empresa vinculada ao Ministério da Fazenda
e, portanto, ponto-chave de qualquer programa de governo voltado ao setor
econômico.
O que foi mencionado é reflexo da
política de governo dos últimos 12 anos. E os próximos quatro?
A missão da Caixa para 2022, de
estar entre os três maiores bancos do país, está inserida na política econômica
do atual governo. Tal política se caracteriza pela expansão do crédito (atuação
forte nos programas sociais de oferta de crédito – Caixa Melhor Crédito, Minha
Casa Melhor, Minha Casa Minha Vida etc.), da captação de recursos (poupança,
letras de câmbio, fundos de investimento, CDB), do cuidado com a inadimplência
- fatores que já são determinantes à atuação dos gestores da rede de agências
do banco.
Em entrevista dada ao jornal
Valor Econômico em setembro, a presidenta se disse preocupada com a proposta de
seus adversários em relação aos bancos públicos. Ela ressaltou que a Caixa
Econômica e o Banco do Brasil foram cruciais à ação na contramão que seu
governo tomou diante da crise econômica internacional, na qual a oferta de
crédito foi ampliada através de programas como o Minha Casa, Minha Vida, da
Caixa, e as linhas de crédito voltadas ao agronegócio do Banco do Brasil.
Nesse blog, ainda se lerá
bastante a respeito das propostas econômicas da presidente, contudo, no que
tange aos bancos públicos, a tendência é sua defesa.
A outra tendência para os quatros
anos é coordenada por Armínio Fraga. E o que se sabe até aqui:
- Autonomia operacional do Banco
Central.
- Redução de custos dos
empréstimos bancários.
- Revisão dos critérios para a
concessão de créditos subsidiados pelos bancos públicos.
Ao que parece, em linhas gerais,
a proposta do candidato à presidência pelo PSDB é a de frear a concessão de
crédito pelos bancos públicos.
Hoje, a Caixa incentiva a
concessão do crédito consciente, no qual a oferta está balizada por medidas de
prevenção à fraude, por um sistema de avaliação de crédito, por uma análise
minuciosa da documentação comprobatória de renda, medidas que procuram prover o
gestor do crédito do máximo de informações a fim de tomar uma decisão
consciente e segura.
Ainda sabemos pouco da política
para os bancos públicos proposta pelo senhor Aécio Neves. O que sabemos, até
então, da gestão do PSDB nesse setor é tão inquietante que basta citar os oitos
anos sem reajuste e a iminência de privatização.
Na realidade, os oito anos FHC
são suficientes para vários artigos, contudo, deixo aqui alguns links que podem
ajudar a relembrá-los.
Sobre os outros temas tratados no
artigo:
Angélica de Paula Botelho,
estudante de história e bancária.
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