terça-feira, 7 de outubro de 2014

O governo Dilma e a Caixa Econômica Federal

Faz exatos 15 meses que me tornei uma bancária. Banqueiro de sorte esse, pois, a empresa teve, em 2013, um lucro na casa dos 6 a 7 bilhões de reais. Esse banco é, ainda por cima, a oitava marca mais valiosa do mercado financeiro, segundo o Brand Finance. Ah! E está também entre as 100 marcas mais valiosas do país.

Pfff...nada demais, afinal de contas é um banco, né? A natureza do negócio é o lucro.
E se eu te disser que esse banco recebeu o Prêmio Brasil de Meio Ambiente na categoria de Eficiência Energética?

Sim, mas esse blá blá blá ecológico agora é modinha entre as empresas.

Ok, tá bom. E se eu disser que esse banco é o patrocinador oficial das Paraolimpíadas? Que é o banco no qual você pode abrir uma conta corrente sem comprovante de residência? Que é o banco no qual você pode financiar a reforma da sua casa? A compra dos eletrodomésticos? Que é o banco que possibilitou que milhões de brasileiros pudessem ter acesso ao sistema bancário pela primeira vez?
E melhor ainda, se eu te disser que esse banco é 100% público?

Não, amigos. Não se trata de marketing. Eu não estou aqui para convidá-lo a ser mais um cliente. Desde 2002, o que não falta a Caixa Econômica Federal são clientes. Na verdade, a possibilidade do senhor se tornar um cliente da Caixa é muito grande, afinal, imagino que queira financiar um apartamento, sacar o FGTS, receber o seguro desemprego...

Nesses últimos 12 anos, a Caixa se mantém firme na tentativa de conciliar a voracidade das exigências do mercado financeiro com a prestação de serviços sociais inerentes a sua natureza pública.

É nesse sentido que, uma das suas missões para os próximos anos, é a de se tornar um dos três maiores bancos brasileiros.  Um banco que pretende ser “mais que um banco”. Para tanto, expandiu ainda mais sua atuação no mercado financeiro, ampliando as linhas de crédito e consequentemente alargando as metas de captação de recursos.

Tais mudanças são interpretadas ora como benesses, uma vez que podem fortalecer a marca e torná-la uma empresa pública cada vez mais lucrativa; ora como fatores negativos porque junto com a imersão no mercado financeiro vem o alargamento das metas, tão conhecidas dos sindicatos bancários.

Até o presente momento, enquanto funcionária , vejo que a maior preocupação da Caixa ainda é o seu compromisso social. Brasília não dá nenhum sinal de frear as políticas sociais viabilizadas através do banco, pelo contrário, a tendência é investir cada vez mais em tecnologia da informação para assegurar melhor qualidade na prestação dos serviços públicos.

Acabamos de sair de uma greve na qual a proposta apresentada pela Caixa ainda foi a melhor opção dentre os bancos. Óbvio que, como em qualquer empresa, ainda há muito pelo que lutar, e muito do que reclamar.

Sim, mas o que isso tem a ver com política?

Tudo. Estamos falando de uma empresa PÚBLICA. 100% PÚBLICA. Uma empresa vinculada ao Ministério da Fazenda e, portanto, ponto-chave de qualquer programa de governo voltado ao setor econômico.

O que foi mencionado é reflexo da política de governo dos últimos 12 anos. E os próximos quatro?
A missão da Caixa para 2022, de estar entre os três maiores bancos do país, está inserida na política econômica do atual governo. Tal política se caracteriza pela expansão do crédito (atuação forte nos programas sociais de oferta de crédito – Caixa Melhor Crédito, Minha Casa Melhor, Minha Casa Minha Vida etc.), da captação de recursos (poupança, letras de câmbio, fundos de investimento, CDB), do cuidado com a inadimplência - fatores que já são determinantes à atuação dos gestores da rede de agências do banco. 

Em entrevista dada ao jornal Valor Econômico em setembro, a presidenta se disse preocupada com a proposta de seus adversários em relação aos bancos públicos. Ela ressaltou que a Caixa Econômica e o Banco do Brasil foram cruciais à ação na contramão que seu governo tomou diante da crise econômica internacional, na qual a oferta de crédito foi ampliada através de programas como o Minha Casa, Minha Vida, da Caixa, e as linhas de crédito voltadas ao agronegócio do Banco do Brasil.

Nesse blog, ainda se lerá bastante a respeito das propostas econômicas da presidente, contudo, no que tange aos bancos públicos, a tendência é sua defesa.

A outra tendência para os quatros anos é coordenada por Armínio Fraga. E o que se sabe até aqui:
- Autonomia operacional do Banco Central.
- Redução de custos dos empréstimos bancários.
- Revisão dos critérios para a concessão de créditos subsidiados pelos bancos públicos.

Ao que parece, em linhas gerais, a proposta do candidato à presidência pelo PSDB é a de frear a concessão de crédito pelos bancos públicos.

Hoje, a Caixa incentiva a concessão do crédito consciente, no qual a oferta está balizada por medidas de prevenção à fraude, por um sistema de avaliação de crédito, por uma análise minuciosa da documentação comprobatória de renda, medidas que procuram prover o gestor do crédito do máximo de informações a fim de tomar uma decisão consciente e segura.

Ainda sabemos pouco da política para os bancos públicos proposta pelo senhor Aécio Neves. O que sabemos, até então, da gestão do PSDB nesse setor é tão inquietante que basta citar os oitos anos sem reajuste e a iminência de privatização.

Na realidade, os oito anos FHC são suficientes para vários artigos, contudo, deixo aqui alguns links que podem ajudar a relembrá-los.





Sobre os outros temas tratados no artigo:










Angélica de Paula Botelho, estudante de história e bancária.

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